Crise nuclear
A situação na usina nuclear de Fukushima Daiichi continua preocupante, mais de uma semana depois do terremoto seguido de tsunami que atingiu a costa nordeste do Japão em 11 de março.
Bombeiros e técnicos da Tepco (empresa que administra a usina) concluíram a ligação elétrica externa para reiniciar o sistema de refrigeração dos reatores. Entretanto, antes disso, é preciso fazer uma série de testes e avaliações para identificar onde estão os danos e quais materiais serão necessários para o reparo. Na quarta-feira, uma fumaça preta foi vista saindo do reator número 3, o que interrompeu o trabalho até que foi constatado que não havia incêndio nem aumento do nível de radiação. Segundo o governo japonês, as usinas deverão ser desativadas após a solução da crise.
Hoje, dois operários que trabalhavam na local foram expostos a uma dose de radiação de 170 a 180 milisieverts. A agência nuclear japonesa afirmou que eles estavam usando roupas protetoras, mas a água contaminada entrou em contato com as suas pernas, o que pode causar inflamações. Ambos foram imediatamente encaminhados a um hospital.
Alimentos
A contaminação radioativa em alimentos também é motivo de preocupação. Países como Tailândia, Índia, China, Coreia do Sul e Estados Unidos já estão inspecionando rigorosamente alimentos importados do Japão.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social do Japão anunciou que foram encontradas substâncias radioativas além do limite estabelecido por lei no brócolis, espinafre, repolho, nabo e em sete outros vegetais da província de Fukushima, e em leite fresco e salsa de Ibaraki. Lavouras inteiras estão sendo perdidas, assim como a produção de leite, que teve toneladas descartadas. Yukio Edano, porta-voz do governo, já afirmou que a Tepco terá que se responsabilizar pelos prejuízos.
A FDA (agência dos EUA que controla alimentos e remédios) emitiu um aviso sobre a importação de leite, derivados de leite, frutas e vegetais frescos produzidos ou manufaturados nas províncias de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma. A orientação para os agentes da FDA é apreender todos esses produtos sem inspeção física.
Água
O problema da usina nuclear de Fukushima Daiichi se estendeu à água para consumo interno no Japão. O governo já havia orientado aos moradores de regiões próximas da usina a não beber água da torneira – na maioria das cidades japonesas, é seguro tomar tal água em condições normais. No dia 22 de março, iodo radioativo foi detectado na água de Tóquio, porém, autoridades japonesas afirmaram que os índices já diminuíram.
O governo avisou que bebês abaixo de um ano de idade não devem tomar água da torneira. O fato provocou uma grande procura por água mineral engarrafada, que está sendo distribuída à população de maneira racionada.
A Embaixada do Brasil em Tóquio emitiu comunicado no começo da semana a respeito da água da chuva nas regiões de Kanto e Tohouku. Baseada em informações de autoridades japonesas, a nota explica que gotas de água podem conter pequenas quantidades de elementos radioativos, mas que não representariam perigo à saúde. Mesmo assim, para quem se sentir inseguro, a nota recomenda que as pessoas não saiam de casa durante a chuva, exceto em emergências; procurem evitar que cabelos e pele fiquem expostos à chuva; e caso cabelos e pele se molhem, lavá-los com água corrente.
O governo japonês calcula que o total de prejuízos materiais alcançará os US$ 310 bilhões, enquanto o número de mortos (atualmente 9.811, segundo a polícia japonesa) pode alcançar os 18.000.
por Redação Made in Japan
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário