"Tenho esclerose múltipla, uma doença sem cura e progressiva. Tudo o que a medicina sabe, atualmente, é prolongar o tempo de vida de quem tem essa enfermidade.
Eu estou no grau 4 da doença, de uma escala que vai até 10, quando o paciente está morto. Os médicos não chegam a falar em morte comigo, mas consideram que mais cedo ou mais tarde eu fique acamado.
Quando recebi o diagnóstico, me disseram que isso aconteceria em dez anos, no máximo. Mas isso já faz 15 anos e sigo bem. Para os médicos, eu sou 'ganhador da Sena'. Para mim, se estou assim, é por causa da maconha.
Comecei a usar pouco depois de descobrir a doença, em 1999. Em uma consulta, depois de relatar o que sentia, o médico virou para mim em voz baixa e disse: 'Se você fumar um baseadinho vai ajudar'.
Desde então, faço o que se faz em vários lugares do mundo, mas é proibido no Brasil. E não sou o único: conheço muita gente que também recebeu a recomendação dos médicos para fazê-lo, 'por baixo dos panos', claro.
Os sintomas mais comuns que sinto são dormência, choques, sensação de quente-frio, cansaço e formigamento. Tudo isso melhora quando uso maconha. Os choques e espasmos praticamente desaparecem e as dores caem pela metade.
Nas duas vezes em que passei períodos prolongados sem maconha, os sintomas progrediram rapidamente. Parece que a cannabis foi feita para a esclerose múltipla. É impressionante: assim que você fuma, a paz volta.
Tem muito paciente de esclerose múltipla que não sabe disso e está na cama, desesperado, sem saber o que fazer. Fico pensando: A maconha é só uma planta. Não pode ter uma planta em casa?"
Fonte: Revista Super Interessante
Lançamento: 27/02
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