Marajó, no extremo norte do Pará, é um local naturalmente superlativo. A maior ilha fluviomarinha do mundo também abriga o maior rebanho de búfalos do país. Essenciais para os 16 municípios da região, estes animais são fonte de diversas atividades econômicas.
Não se sabe ao certo como os búfalos chegaram a Marajó. “Segundo alguns textos e relatos, os animais estavam sendo levados da Guiana Francesa para as Índias”, afirma o gerente de eventos da cidade de Soure, José Carlos Sarmento. “Quando passavam pela costa do Marajó, houve um naufrágio, e eles conseguiram nadar até a terra firme”, completa.
Segundo José Carlos, o clima, de temperatura e umidade altas, ajudou os animais a se adaptarem, o que possibilitou sua grande reprodução. Hoje, a população de búfalos está espalhada pela ilha. Estima-se que são cerca de 600 mil, divididos em 4 raças: Jafarabadi, Murrah, Carabao e Mediterrâneo, além dos mestiços.
Todas as raças são de fácil domesticação e podem conviver tranquilamente com as pessoas. “Durante muito tempo, a presença maciça de búfalos na rua era frequente; hoje, com o avanço de obras, isso diminuiu, mas ainda é possível vê-los transitando”, conta José Carlos.
Os búfalos são uma das bases da economia marajoara, a começar pela culinária. Toda a carne, leite e derivados vêm deles. Os animais também são utilizados para trabalhos de tração, em fazendas, pois são muito fortes, podendo chegar a mais de 1 tonelada.
Rondas da PM em búfalos também são atração turística (Foto: Divulgação/Alessandra Serrão/Ag. Pará)
Cada raça é mais adaptada para um tipo de atividade. Segundo informações da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, o Mediterrâneo brasileiro, por exemplo, é mais adequado para o corte. Já o Murrah, possui características propícias para a produção de leite.
Quando os búfalos são abatidos, seu couro também é aproveitado para a confecção de bolsas, sandálias, cintos, chapéus e outros assessórios. Os chifres podem ser utilizados para artesanato e a cabeça para a festa do Bumba meu Boi ou como ornamento. "Tudo é aproveitado", garante José Carlos. As atividades geram renda tanto para trabalhadores autônomos quanto para fazendeiros, que podem até exportar os alimentos.
Além disso, o turismo na ilha também é muito impulsionado pelo rebanho. Além de poderem experimentar iguarias como o queijo do Marajó e o Filé de búfalo na chapa, os visitantes têm a oportunidade de passear nos animais. A própria polícia militar utiliza os animais para pequenas ações.
Os búfalos são tão importantes para a ilha que inspiram um grande evento. O Marajó Búfalo Fest, que acontece em Soure e tem como objetivo fomentar as atividades de pecuária nos municípios. Exposições envolvendo os animais já ocorriam desde a década de 1950, mas, hoje, a organização conta com apresentações, shows, concursos e rodeios.
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